Essa é uma série de textos em que avalio com quais áreas vale a pena fugir do orçamento para alavancar seu futuro. Se você não viu a introdução com as devidas ressalvas, recomendo ler antes: link. O texto de hoje é sobre saúde.


Minha filha nasceu em 2017 e eu tinha muita dificuldade de voltar a dormir após acordar de madrugada. Depois de um tempo passei a não tentar mais e ir fazer outras coisas. Escrever ou assistir Netflix, por exemplo. Infelizmente, o resto do dia era um tormento banhado a café. Depois de um tempo, minha esposa sugeriu não me acordar mais. Eu ficaria com minha filha pela manhã enquanto ela tentava recuperar o sono.

Para minha inquietação, continuei sem conseguir voltar a dormir se despertado a noite. Mesmo 5 anos depois. Recentemente soube que pode estar relacionado a um desequilíbrio hormonal. Uma baixa produção de serotonina devido à inflamação no intestino. Só agora começo um tratamento voltado para isso.

O quanto sua vida pessoal e profissional está sendo afetada por uma saúde deficiente, ou mesmo subótima?

O quanto de carga extra minha esposa assumiu com a decisão que tomamos? Antes dos 25, normalmente não percebemos o papel que a saúde em dia desempenha. O corpo dá conta de corrigir nossos hábitos. Já quando chegamos aos 30, fica claro o caminho trilhado até então.

Ter saúde permite você atuar em todas as outras coisas da vida, já diria Joel Jota. Vânia Ferreira, autora do livro “Manual de um Gerente a beira de uma ataque de nervos”, comenta algo similar. Como esperar ser um bom profissional se vive com dor nas costas ou sem conseguir se concentrar? Como esperar ser produtivo em qualquer área com dores crônicas, sem dormir direito, sem energia?

Sendo o beneficiário direto, assuma como responsabilidade sua ir atrás da solução. Não do governo; não da empresa; nem da sua esposa ou marido; menos ainda dos seus pais. Eles podem ser parceiros, mas é você quem puxa. Uma vida plena não significa uma vida sem dores. No entanto, queixas constantes dificultam muito, quando não são gatilho para doenças como depressão. Falta clareza e sentido para quem sofre.


Por onde começar?

Claro que nem tudo se resume a gastar dinheiro e sair do orçamento. Fazer exercícios, evitar tanta comida industrializada, tomar sol, meditar. Essas são coisas que podemos começar a fazer sem a princípio adicionar novos custos. Uma substituição aqui e ali nos gastos já é suficiente. Infelizmente, nem sempre isso resolve e precisamos investigar mais.

Se tiver um plano de saúde, ótimo. Busque nos credenciados ao plano por médicos para sua condição específica. Peça indicações a quem está no mesmo plano que o seu. Seja família ou colegas de trabalho.

Contudo, tenha em mente que os melhores profissionais geralmente só atendem no particular. É a forma que muitos encontram de serem remunerados bem e terem mais tempo. Isso se aplica para médicos, terapeutas, fisioterapeutas, educadores físicos e outros.


Se prepare para o susto.

Se nunca foi a um profissional de saúde particular talvez se assuste com o preço. É possível encontrar uma consulta ou sessão na faixa dos R$ 400, mas não é incomum chegar nos R$ 800. Sem falar em tratamentos extras. Injeções e procedimentos específicos podem passar da casa dos R$ 2000. Por isso repito. Comece pelo que está no seu alcance, mas tenha em mente que o custo é alto se quiser resultados fora da curva.

Tenho uma estratégia pessoal para procurar profissionais. Priorizo professores de universidade ou quem notoriamente está buscando se atualizar. Não me importo muito com idade e outros títulos. Acredito muito no que o avanço da ciência pode proporcionar. Tratamentos menos invasivos, com menos efeitos colaterais e mais eficazes. Outro traço que procuro é didática. Quero que seja capaz de me explicar o que pode estar acontecendo e qual caminho seguir. Acredito que isso aumenta a probabilidade de continuar o tratamento até o fim. Um estudo de 2016 do CDC indicou que nos EUA 20% a 30% das medicações não são nem compradas e que 50% das vezes não são tomadas como prescritas. Dentre os fatores para isso, como custo, destaco não entender bem as instruções e efeitos colaterais. Faltou entendimento e confiança.

Cada um pode criar sua própria estratégia. Algumas pessoas preferem médicos mais velhos. Outras só seguem indicações de amigos. Já algumas preferem aqueles que trabalhem mais com a espiritualidade ou tratamentos naturais. Independente de qual for sua opção, fique atento. Se for para desembolsar tais valores e usar suas reservas, é bom que traga resultados.


Se mantenha vigilante.

Uma das questões levantadas no livro Armas da Persuasão 2.0 é sobre como reagimos aos sinais de autoridade. Médicos são uma das autoridades mais fáceis de se identificar. Jaleco branco, estetoscópio, consultório espaçoso, diplomas na parede. Por esse mesmo motivo, podemos nos deixar cair em caminhos não necessariamente bons. Segundo o livro, todos os anos no mundo 40% dos pacientes recebendo cuidados primários e ambulatoriais tem problemas devido a erros médicos.

Não é por a pessoa ser médica que está livre de cometer erros. Vale lembrar que somos mais que 1h de conversa e um conjunto de exames. Observe sintomas após início dos tratamentos. Entre em contato para esclarecê-los. Na dúvida, consulte outros médicos.

Como diria os estoicos: “Confie, mas verifique.”