Essa semana estava com muita coisa na cabeça e chamei minha esposa para conversar, com a intenção de me ajudar a pensar com mais clareza. Depois de um tempo, ela olhou meu caderno de anotações, em especial minha lista de “próximas ações”, e comentou: “Você poderia marcar o que é prioritário dessa lista”. Minha resposta foi: “Te entendo, mas acredito que só deveria está aqui o que é prioritário.”

Alguns dias são piores que outros, mas a regra para mim é estar com muitos pensamentos. Realmente o papel me ajuda, seja para esclarecer uma emoção vivida ou para fazer um resumo de uma leitura ou mesmo para descarregar a mente quando tudo parece confuso. Porém, se todos os dias eu for colocar tudo que penso no papel para tentar classificar o que é importante, não faço mais nada da vida. 😅

Na verdade, já tentei fazer isso alguns bons anos atrás seguindo o GTD. Revisei algumas vezes essa época e, para encurtar, além de encarar a vida como uma simples lista de tarefas, você se torna dependente da “coisa”. Dependente do ato de parar e escrever logo os pensamentos, com medo de esquecer algo, mas também dependente do caderno ou aplicativo onde escreveu. O que era para ser uma ferramenta auxiliar, se torna uma prisão.

Nosso cérebro pode não funcionar da maneira linear e previsível que gostaríamos que ele funcionasse, mas ele consegue lidar com bastante coisa. Precisamos talvez aprender a nos relacionar melhor com ele. Talvez por isso, dentre outros motivos, eu goste tanto de ler sobre neurociência, psicologia, comportamento humano, autoconhecimento, etc. Investimento meu nessa relação comigo mesmo. 🙂

Vou deixar algumas afirmações e breves comentários para você pensar um pouco.

Não somos o que pensamos.

Conseguir observar o que pensamos é prova que a consciência está em outro nível mental. Temos capacidade de analisar nossos processos mentais e tomar essa perspectiva é essencial para construções mais complexas de raciocínio.

Nem todo pensamento é igual.

Alguns pensamentos são só respostas ao que está sendo vivido naquele momento. Aprendi na terapia que pessimismo, por exemplo, é comum quando estamos doentes. É o cérebro nos preparando para o pior. Entendendo isso, podemos nos perguntar: “Algo que estou vivendo poderia explicar esse tipo de pensamento?”

Podemos escolher quais pensamentos analisar.

Alguns pensamentos incomodam mais que outros a cada momento. Podemos escolher quais analisar. Digerir certas situações leva tempo e se estivermos num pico emocional pode não ser útil tentar acessar a parte mais analítica do cérebro.

Algumas ideias precisam de tempo de “maturação”.

As vezes basta escrever a ideia em qualquer lugar, e não como tarefa, e dar tempo para o cérebro fazer as conexões necessárias. Nem sempre mais atenção na mesma questão é melhor.

Nem todo pensamento é pendência e nem toda pendência é sua.

Não é porque pensamos algo como “acho que preciso resolver isso” que precisamos correr e anotar aquilo como tarefa. Vale parar e perguntar: “Quem me pediu? Sou a melhor pessoa para fazer isso? É onde quero colocar energia?”