Limitando as Redes Sociais
No post passado comentei das absurdas 15h/semana que estava passando só com Instagram 😱
Depois do jejum completo* entre o Natal e o Ano Novo, dedici analisar melhor a situação e pensar no que poderia ser feito.
_* Só não foi completo porque me peguei abrindo outros apps no lugar. Ex: Pinterest e Twitter 🤦♂️_
Nem tudo é negativo
O primeiro passo foi reconhecer que nem tudo é negativo, acessar ou ficar nas redes sociais cumprem um propósito/entregam alguma recompensa (assim como todo hábito, bom ou ruim), o problema são os gatilhos que te deixam lá por tempo indeterminado.
Pontos Positivos
- Ver novidades de confeitaria e outros formatos para apresentar conteúdo
- Ter inspiração para: fotos, vídeos, roupas, viagens, etc…
- Achar links úteis de TI (especificamente Twitter)
- Conectar com amigos, compartilhar e trocar idéias*
- Desopilar em momentos de estresse intenso**
_* Pode disparar a ansiedade que cito abaixo._
_** Não funciona sempre e pode disparar os lados negativos abaixo, mas em algumas situações percebi que tudo o que eu precisava era rir um pouco, ver um meme e desmontar minha visão mometanemente pessimista do mundo._
Pontos Negativos
- Gera desconexão com quem mais importa (no meu caso minha filha e minha esposa)
- Fácil perder noção do tempo
- Consumo de notícias negativas, principalmente no início e no fim do dia
- Consumo de conteúdo que dispara comparação
- Excesso de informações, a maioria não consigo fazer nada a respeito ou com ela
- Ansiedade na espera por Likes, Comments, Views.
Gatilhos
- Tédio
- Cansaço (mental ou físico)
- Ansiedade
- Crises de dor
Desconstruíndo o hábito
A partir disso fiz 2 perguntas simples:
Como potencializar o lado positivo? Como evitar os pontos negativos?
Para desconstruir um hábito negativo, lembrei das leis do livro “Hábitos Atômicos” do James Clear, na verdade a inversão delas:
1ª Lei: Torne-o Invisível (Reduza a exposição ao hábito)
2ª Lei: Torne-o Pouco Atrativo (Deixe claro os benefícios de evitar aquilo)
3ª Lei: Torne-o Difícil (Aumente o número de passos para realizá-lo)
4ª Lei: Torne-o Doloroso (Encontre alguém para vigiar seu comportamento e/ou crie um contrato que gere custos pra você)
Na linha de tornar “invisível” e “difícil” o hábito de abrir o celular e acessar as redes sociais e tomei as seguintes ações:
- Desinstalei o LinkedIn
- Não vi um benefício sequer de tê-lo no celular, praticamente não usava e quando abria só disparava em mim comparações profissionais improdutivas.
- Movi todos os apps de Rede Social (Instagram, Twitter, Pinterest) para uma pasta fora da home screen.
- Configurei um limite de tempo único para todos os apps de rede social (utilizando o Screen time do Iphone), mesmo sabendo que muitas vezes aumento o tempo 🤷♂️
- Combinei comigo mesmo e avisei à minha esposa que em casa deixaria o celular no escritório e, mais importante, fora do quarto (evitando usar antes de dormir).
Resultados
Mas será que essas ações surtiram efeito?
1ª Semana (de férias, em casa)
Caiu pela metade o uso das redes sociais (incluindo whatsapp) se comparado com o tempo antes do natal. O tempo total de uso do celular também diminuiu.
2ª semana (de férias, viajando)
Mesmo com as restrições digitais, a falta da restrição de espaço físico (“celular só no escritório”) pareceu determinante e o uso disparou novamente.
3ª semana (de volta ao trabalho, em casa)
De volta em casa, podendo deixar o celular no escritório, caiu mais uma vez o uso, mas bem menos do que na primeira semana.
Percebi que depois de uma semana viajando meio que relaxei a regra de deixar o celular num único lugar da casa.
O que fazer a partir daqui?
Pensando rapidamente, para restringir ainda mais o uso, eu poderia:
Remover o Twitter do celular. A experiência pelo computador é muito boa e fica mais fácil restringir o uso a um horário específico. Só tenho a impressão que eu iria continuar abrindo outro app no lugar quando os gatilhos fossem disparados.
Só checar interações no dia seguinte. Talvez ajude na questão da ansiedade. Dúvida: Como será que quem vive de rede social lida com isso? 🤔
Fazer melhor uso das leis 2 e 4. No entanto, deixar mais evidente o benefício de não estar no celular e gerar compromisso público ou custos não me parecem dicas muito práticas.
Um porque saber que mais tempo com minha filha é bom não ajuda quando se está exausto no fim do dia e ela quer que você sente no chão para imaginar toda uma trama entre os personagens do último filme da Disney. 😅
P.S: Amo fazer isso com ela, mas não se engane, é mentalmente custoso brincar de forma criativa com uma criança.
Dois porque gerar custos não é muito simples, além de potencialmente desastroso, e gerar compromisso público de usar menos celular pode influenciar minha autoimagem de maneiras que posso não querer no futuro, afinal não quero evitar só por evitar (acabei de ler algo nesse sentido no livro Armas da Persuasão).
Reaproveitar os gatilhos
Uma outra estratégia poderia ser reaproveitar os gatilhos (ex: tédio, cansaço, ansiedade) e substituir apenas a ação por algo mais produtivo.
Senti tédio? Talvez deixar numa gaveta jogos que possam ser jogados em família e nessas horas pegar um aleatoriamente.
Senti ansiedade? Posso reunir num documento roteiros de contas e hashtags específicas que acredito despertarem inspiração nos meus tópicos de interesse e abrir nesse momento.
Senti cansaço/dor? Não sei ainda, mas vou pensar em algo. 😂
Tempo é importante, mas talvez não como única métrica. Acho que existem momentos oportunos e outros nem tanto. Escutar um “Papai, você tá vendo celular, você não disse que ia brincar comigo?" me parece uma boa deixa pra saber que algum ajuste ainda precisa ser feito.