Se você já leu algum texto aqui no blog é provável que saiba que lido com a ansiedade no meu dia a dia, discuti sobre isso mais extensivamente aqui. Normalmente essa ansiedade se manifesta por uma pressão autoinfligida para tentar lidar com vários assuntos, pendências e medos simultaneamente. Sejam eles objetivos pessoais, saúde, finanças, família, responsabilidades no trabalho, etc.

Certa vez comentei na terapia que em cenários mais extremos eu observava que eu entrava num modo letárgico, no sentido de que ao acordar eu simplesmente “ia”. Dizendo para mim mesmo coisas como: “Só levanta e vai tomar banho”, “Só coloca uma roupa e vai comer”, “Só liga o computador e começa”. A terapeuta então comentou que há uma certa sabedoria no Rodrigo que só vai e faz o que tem que ser feito naquele momento sem analisar muito. “É de certa forma sua mente e seu corpo ativando um mecanismo de proteção”, complementou.

“Alerta, Alerta! Desliguem o Rodrigo que pensa demais se não entraremos em colapso”

Há 2 semanas peguei Chikungunya, tive febre e muitas dores no corpo a ponto de não conseguir levantar. Nos primeiros dias o único foco possível era realmente a dor. Porém, depois que comecei a me recuperar um pouco já comecei a sentir a pressão por continuar a resolver minhas pendências. Coisas como “preciso escrever, como assim vou quebrar minha sequência de 5 meses publicando um texto semanalmente?” Felizmente lembrei dessas reflexões e conclui que o momento era de recuperação e não de produzir nada.

A página 213 do livro Diário Estoico, coincidentemente do dia 8 de junho que foi o dia que adoeci, me pareceu encaixar bem com o momento:

“Deves construir tua vida ação por ação, e ficar satisfeito se cada uma alcançar seu objetivo tanto quanto possível […], Mas e se alguma outra área de minha ação for frustrada? Bem, aceita de bom grado o obstáculo pelo que ele é e transfere tua atenção para o que é dado, e uma outra ação irá imediatamente ocorrer, uma ação que se adapta melhor à vida que está construindo” — Marco Aurélio, Meditações, 8.32

Os autores complementam que quando nos ocupamos demais pondo um pé diante do outro não percebemos que os obstáculos estavam ali. Foco no próximo passo. Deixar um ou outro prato cair não é tão importante e no fim das contas pode ser exatamente o que você precisava.