Quem bebe, se energiza
Quem vê, se irrita
Quem experimenta, levita
Quem escuta, não acredita

Dormir? Se liga!
Olho aberto é vida!
Você imagina, posso fazer
Escolher?! Por quê?

Com o tempo, o brilho se vai
Sentindo menos, quer mais
Mais um gole, não deve fazer mal
Para triunfar deve-se agir como tal

Ufa! De novo capaz!
Ceder? Jamais!

Nas histórias, todo atalho custa caro
Nessa, mal sabia, a saúde era o pato

Quem diria, um fundo de verdade
Poção de magia? Nada, ansiedade

Que estou mais lento, não é novidade. O entendimento da vez é que a ansiedade pode se manifestar pela não percepção, ou não aceitação, da finitude da nossa própria energia. Eu sempre poderia dormir menos e continuar tratando do que quer que eu achasse necessário tratar. Assim o fiz, por mais de uma década acredito.

“Que tal desfrutar da noção de energia limitada?”, disse a psicóloga.

Como? Se acaba, é preciso escolher melhor. O mero incômodo não pode ser o único combustível para o agir. A agência precisa conversar com a ponderação de importância. Eisenhower que se contorça, mas só para as urgências tem me aparecido forças.

Para além do urgente, a rotina. Antes ler e escrever, hoje me movimentar. Infelizmente, quando ela finaliza e o que preenche o resto do dia é o incerto, ou o certo que nada apetece, vem o desejo do reinício. Que termine e recomece logo, só assim posso experimentar o ânimo do raiar do sol, da fruta matinal, do café pré-exercício e do banho gelado no retorno.

Em dias que a única garantia é de conseguir colocar um pé na frente do outro, a auto-observação já é uma vitória.